Escrevi sobre as pragas do gramado e agora sobre outra praga que atingiu o futebol brasileiro e fez desmoronar um dos maiores Clubes do Brasil, a incompetência. Maquiada de profissionalismo e acrescida de todas as palavras e manias que coachs, sem histórico e minutagem no futebol, trouxeram. Em nosso Estado o Coritiba, Clube grande, forte e respeitado, Campeão brasileiro e com diversas campanhas consistentes no Brasileirão e na Copa do Brasil, com dezenas de títulos estaduais, que formou atletas de nível internacional e uma torcida gigante e participativa, sucumbiu com anos de má gestão, visão curta e objetivos amadores. Culminando com uma venda desastrosa que rebaixou o Coxa a terceira ou quarta força no Estado e Clube de meio de tabela da Série B, com muito risco de lutar lá na rabeira. Independente das lembranças que guardo, de artimanhas e esquemas que tanto favoreceram o Coritiba, principalmente na década de 70 e minha evidente simpatia por outras cores, o respeito existe, deixando brincadeiras e zombarias bem longe de qualquer análise. Certo que os acontecimentos do passado, os títulos a qualquer custo, as vantagens obtidas de forma estranha a compreensão de quem acompanhou os campeonatos, prejudicaram muito todo o futebol paranaense, mas principalmente o próprio Coxa. Longe de afirmar que os todos os títulos, todas as vitórias, foram sem méritos, o Coxa montou times incríveis, vi Manga, o goleiro é claro, vi Serginho Cabeção, Ademir Alcântara, Freitas, Lela, Carlos Alberto, Tostão, Almir, Rafael, Jairo e o Gênio da Lâmpada, Aladim, entre muitos outros, incontáveis outros grandes jogadores que vestiram essa pesada camisa. Sem rival não existe futebol, não teríamos o frio na barriga e a explosão gloriosa da vitória. A cerveja e a resenha pós jogo não teriam o mesmo sabor. Hoje, está nas mãos de sua torcida a única chance de uma revolução que resgate os valores da instituição e o recoloquem nos trilhos, recuperando toda a força e o respeito que o Coritiba conquistou. Se dependerem de empresários e de alguma SAF, serão apenas mais um entre tantos.
A ideia enganosa de trazer ao País a organização do futebol europeu, seus métodos e esquemas de jogo, com foco exclusivo na arrecadação e transformações precipitadas de Clubes em SAF, sem mudanças radicais no processo eleitoral da CBF, Federações e Clubes, fez o País do Futebol virar o País do 7 a 1. Somada a falta de gestores competentes, que entendam as particularidades de um esporte que provoca paixões e administrem dentro de normas que balizem a gestão, com leis que punam os desvios e não permitam mais a eternização de pessoas e grupos a frente do processo, entregaram resultados esportivos que jamais imaginaríamos e provocaram a queda vertiginosa na qualidade de nossa formação. Hoje não vemos mais a ascensão de grandes articuladores no meio de campo e o aparecimento de centroavantes que decidem jogos e provocam insônia nos adversários. Perdemos também laterais que levem o jogo a frente em troca de passadores de bola que tocam para trás e fazem o torcedor sofrer a cada novo cruzamento errado. A cereja do bolo, batedores de falta que nas décadas anteriores faziam os estádios explodirem e as massas delirarem, não existem mais e, segundo informações vindas de dentro dos papagaiados Centros de Treinamentos, os garotos que teriam talento ou ambição para isso são impedidos de treinar e aperfeiçoar as cobranças após os treinos normais, como antes era feito cotidianamente por feras, como Zico, Nelinho, Dinamite, Marcelinho, Éder e Roberto Carlos, É o futebol das pranchetas, gráficos, tabelas e palestras. O Brasil que saiu dos campinhos e entrou na Escolinha. Uma Seleção que encantava e hoje joga sem meias, que baixa os calções e é humilhada, leve de sete, cai de quatro.
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