O Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira (28) um dos dias mais sangrentos e caóticos de sua história recente. Uma megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital, deixou 64 mortos — incluindo 4 policiais — e 81 pessoas presas, segundo dados confirmados oficialmente pelo Palácio Guanabara.
A ação, deflagrada nas primeiras horas da manhã, tinha como objetivo desarticular chefes e células do Comando Vermelho (CV), facção criminosa que controla parte das comunidades. O confronto se estendeu por várias horas, com intensos tiroteios, helicópteros sobrevoando a região e blindados circulando pelas ruas estreitas das favelas.
De acordo com fontes da Polícia Civil e Militar, trata-se da operação mais letal da história do estado, superando até mesmo as ações ocorridas em Jacarezinho, em 2021, que resultaram em 28 mortes.
Policiais mortos em confronto
Entre as vítimas estão quatro policiais que participaram diretamente dos combates:
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Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, recém-promovido a chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita); 
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Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, integrante da 39ª DP (Pavuna); 
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Cleiton Searafim Gonçalves, do Bope (Batalhão de Operações Especiais); 
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Herbert, também do Bope. 
O governo estadual decretou luto oficial de três dias e prometeu apoio integral às famílias dos agentes.
Caos e represálias em toda a cidade
Com o avanço da operação, bandidos reagiram com violência. Por volta do meio-dia, criminosos promoveram bloqueios e ataques em importantes vias expressas, como a Linha Amarela e a Grajaú-Jacarepaguá, provocando pânico entre motoristas e passageiros.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram ônibus sendo incendiados e barricadas erguidas em vários pontos do Grande Rio, em retaliação à ação das forças de segurança. O Centro de Operações da Prefeitura (COR) emitiu alertas de segurança e orientou a população a evitar deslocamentos pela Zona Norte.
Reação do governo e das forças de segurança
O governador do Rio de Janeiro, em pronunciamento emergencial, classificou a ação como “necessária e histórica” no combate ao crime organizado. Ele afirmou que o objetivo foi desarticular o coração financeiro e logístico do Comando Vermelho, mas reconheceu a gravidade das perdas humanas.
“É uma operação sem precedentes, planejada com base em inteligência. A morte de nossos policiais é uma tragédia que não será esquecida”, declarou o governador.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública acompanha o caso e avalia o envio de reforços da Força Nacional para conter novos focos de conflito.
Histórico de violência
O Complexo do Alemão e o da Penha são há décadas redutos estratégicos de grandes facções criminosas. Apesar de inúmeras operações, a presença do tráfico continua forte. Especialistas em segurança pública afirmam que, sem políticas de inteligência, prevenção e inclusão social, as ações acabam se tornando ciclos de violência com alto custo humano.
Clima de medo e incerteza
Moradores relatam que escolas foram fechadas, comércios encerraram as atividades e linhas de ônibus suspenderam viagens. O clima nas comunidades é de medo e insegurança.
“Foi uma guerra. A gente se jogou no chão e esperou o tiroteio parar. Nunca vi nada igual”, contou uma moradora da Penha à reportagem.
 
                     
                         
                                                             
                                                                                                 
                                                                                                 
                                                                                                 
                                             
                                             
                                             
                                                                     
                                                                     
                                                                    
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