Peritos da Polícia Federal (PF) apontam que há fortes evidências de que é falsa a assinatura atribuída a um médico no laudo publicado por Pablo Marçal (PRTB) que associou seu adversário nas eleições Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína.
A CNN teve acesso ao relatório da PF. Segundo o documento, os peritos identificaram diferenças entre as assinaturas do médico que consta no laudo falso e a que ele usou ao longo de sua vida. O resultado sugere que as assinaturas não foram feitas pela mesma pessoa.
Os peritos usaram documentos assinados pelo médico José Roberto de Souza em diferentes anos para fazer a comparação. Eles fizeram o chamado “exame grafoscópico”.
“Verificou-se a prevalência das dissimilaridades entre a assinatura questionada e os padrões apresentados, tanto nas formas gráficas, quanto em suas gêneses, não havendo evidências de que tais grafismos tenham sido escritos por uma mesma pessoa”, diz um trecho da conclusão da perícia.
“Desta forma, concluiu-se que os achados identificados durante os exames da assinatura presente no documento foram considerados suficientes para concluir pelo nível V da escala apresentada na subseção III.1.4: V – As evidências suportam fortemente a hipótese de que os manuscritos questionados não foram produzidos pela mesma pessoa que forneceu os padrões”.
Polícia Civil
No sábado (5), uma perícia da Polícia Civil de São Paulo havia chegado à mesma conclusão.
Segundo o documento da corporação paulista, “É FALSA a imagem da assinatura em nome do médico “JOSÉ ROBERTO DE SOUZA”, lançada no receituário objeto de exame, descrito no capítulo “Peça de Exame”, posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados nos documentos descritos no capítulo “Padrões de Confronto”.
A conclusão foi de que se trata de assinaturas distintas.
“A assertiva expendida os Peritos a estabeleceram ante as discrepâncias escriturais observadas entre a firma contestada e os modelos produzidos por JOSÉ ROBERTO DE SOUZA, discordâncias essas que abrangem tanto a qualidade do traçado, quanto os elementos técnicos de ordem geral e de natureza morfogenética”, afirma o documento.
O laudo diz ainda que “Quanto à qualidade de traçado, a principal divergência reside na velocidade de execução da assinatura questionada, cujo desenvolvimento é mais lento que o modelo oferecido”.
Entenda
Marçal publicou na noite de sexta-feira (4), em suas redes sociais, um receituário médico em que era dito que Boulos, no dia 19 de janeiro de 2021, havia sido atendido na clínica médica Mais Consulta, no bairro do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, com “quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”.
A publicação em que o candidato Marçal acusava Boulos de uso de cocaína foi retirada do ar pelo Instagram ainda na sexta. A publicação ficou disponível por cerca de 1 hora e 30 minutos.
De acordo com Boulos, o dono da clínica, Luiz Teixeira, seria um apoiador de Marçal e teria falsificado o documento. O candidato do PSOL afirmou que, no dia posterior ao que consta no prontuário médico, estava na Comunidade do Vietnã, na zona sul, “fazendo distribuição de cesta básica”.
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