O Brasil alcançou em julho o maior número de empresas inadimplentes da série histórica: 8 milhões de CNPJs negativados, segundo levantamento da Serasa Experian. O aumento representa 16% em relação ao mesmo período de 2024 e marca sete meses consecutivos de alta. Do total, 7,6 milhões correspondem a pequenas e médias empresas. O valor médio das dívidas também chegou a um patamar inédito, R$ 3.302,30 por empresa, com cada uma acumulando em média 7,3 débitos. No total, as dívidas somam R$ 193,4 bilhões, sendo R$ 174 bilhões concentrados nas PMEs.
O setor de serviços lidera a lista de inadimplência (54,1%), seguido por comércio (33,7%), indústria (8%), outros (3,2%) e setor primário (1%). Para Marcos Pelozato, advogado, contador e especialista em reestruturação empresarial, o dado escancara a ausência de gestão preventiva entre empreendedores. “A maioria das empresas só busca orientação quando já está em colapso. Mas, o que defendemos é uma atuação antes disso, com revisão do regime tributário, reorganização administrativa e análise de custos. Essas medidas poderiam evitar boa parte das dívidas que hoje travam o crescimento das companhias”.
Gestão de risco
Segundo o especialista, a situação é agravada pela escassez de orientação profissional. Pesquisa do Sebrae mostra que apenas 6% dos donos de micro e pequenas empresas buscaram ajuda em 2024, enquanto 60% encerram atividades antes de completar cinco anos. “Existe um preconceito cultural em relação à mentoria e à consultoria. Muitos gestores veem isso como custo, quando na prática é um investimento que pode salvar empregos e preservar negócios”.
A consequência tem sido o aumento dos pedidos de falência e recuperação judicial. Apenas no primeiro semestre de 2025, o país registrou alta de 18,9% nas falências e de 26,3% nas recuperações, segundo a Serasa. “O Brasil ainda trata a recuperação judicial como último recurso, e isso é um erro. Quanto antes o empresário buscar ajuda especializada, maiores são as chances de renegociar dívidas e manter a operação ativa”, explica Pelozato.
Na avaliação do advogado, o cenário exige uma mudança estrutural na forma como as empresas encaram a gestão de riscos. “Sem preparo técnico, qualquer oscilação econômica ou política ganha força devastadora dentro dos negócios. É preciso trabalhar com cenários adversos e adotar estratégias de reestruturação contínua, sob pena de ver o quadro de insolvência se agravar ainda mais”, conclui.
Como evitar que sua empresa entre na lista de negativadas
1. Revisão tributária anual
Verifique se o regime de tributação está adequado ao porte e faturamento. Muitos negócios pagam impostos acima do necessário por falta de revisão.
2. Controle de fluxo de caixa
Mantenha relatórios mensais de receitas, despesas e dívidas. Empresas que acompanham indicadores têm maior previsibilidade para decisões estratégicas.
3. Negociação preventiva com credores
Antecipe-se a atrasos. A renegociação de prazos e condições evita a negativação e reduz custos com juros.
4. Planejamento de capital de giro
Reserve recursos para sazonalidades do negócio. Companhias sem reserva entram mais rápido em inadimplência.
5. Mentoria e consultoria especializada
Procure orientação de contadores e advogados em reestruturação. Apenas 6% dos empreendedores buscam apoio, mas aqueles que o fazem aumentam as chances de continuidade do negócio.
“Estar negativado não significa falência, mas um alerta que pode ser revertido com renegociação e reorganização administrativa. O país ainda trata a recuperação judicial como último recurso, quando deveria ser preventiva. Sem planejamento e apoio técnico, continuaremos transformando estatísticas em portas fechadas”, conclui o especialista.
Sobre Marcos Pelozato
Marcos Pelozato é advogado, contador e empresário com 14 anos de atuação no setor de reestruturação empresarial e recuperação judicial. Reconhecido como referência no segmento, presta assessoria estratégica a empresas em crise financeira, com foco em reorganização societária, gestão de passivos e recuperação de negócios.
À frente de um escritório especializado, Marcos também atua como mentor para advogados e contadores interessados em ingressar na área de reestruturação, com o objetivo de ampliar o número de profissionais capacitados a atuar diante da crescente demanda por soluções eficazes em gestão de crise.
Para mais informações, acesse: youtube.com/@marcospelozato.
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