Transações levantam suspeitas de lavagem de dinheiro e colocam novamente em evidência figuras ligadas às campanhas petistas de Dilma Rousseff e Rui Costa
Um novo capítulo de suspeitas financeiras envolvendo personagens históricos do Partido dos Trabalhadores (PT) veio à tona. Documentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), enviados à CPMI do INSS, revelam que a publicitária Danielle Miranda Fonteles, conhecida por atuar nas campanhas de Dilma Rousseff (2010) e Rui Costa (atual chefe da Casa Civil de Lula), recebeu R$ 5 milhões em seis parcelas do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como um dos líderes de um esquema bilionário de fraudes previdenciárias.
As transferências ocorreram entre novembro de 2023 e março de 2025, período em que, segundo investigações da Polícia Federal, o grupo criminoso comandado por Antunes teria movimentado milhões de reais desviados de aposentadorias e benefícios de idosos em todo o país.
De acordo com o relatório do COAF, os valores foram depositados diretamente na conta de Danielle, sem que houvesse vínculo comercial, societário ou familiar entre ela e o empresário. O documento destaca a “ausência de relação econômica legítima identificável” e classifica as transações como de “risco elevado”, por envolverem recursos de origem não comprovada, vindos de pessoa investigada por crimes contra a Previdência Social.
“A movimentação de recursos de origem não claramente justificada, sobretudo oriunda de partes com histórico de ilícitos contra a Previdência, pode indicar tentativa de dissimulação da procedência dos valores ou integração de recursos ilícitos ao sistema financeiro”, alerta o banco que notificou o COAF.
Defesa alega venda de imóvel
Em nota enviada ao portal Radar, Danielle Fonteles afirmou que as seis parcelas recebidas correspondem ao pagamento de uma casa de praia em Trancoso (BA) vendida a Antônio Carlos Antunes. A empresária, no entanto, não apresentou documentação que comprove a conclusão da negociação. Segundo o próprio relatório, o imóvel jamais teve escritura transferida, e o suposto comprador não figura como proprietário em registros oficiais.
Curiosamente, a última parcela do pagamento foi feita em fevereiro de 2025, um mês antes da megaoperação da Polícia Federal que desarticulou o grupo do Careca do INSS, prendendo dezenas de suspeitos e bloqueando milhões de reais desviados.
Histórico de envolvimento em campanhas do PT e na Lava Jato
Danielle Fonteles ganhou notoriedade nacional ao comandar a Pepper Comunicação Interativa, agência que prestou serviços para o PT em campanhas eleitorais. Durante a Operação Lava Jato, a publicitária foi investigada por suposto financiamento irregular das campanhas de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e de Rui Costa (2014) ao governo da Bahia.
Em delação premiada, Danielle confessou ter recebido milhões de reais de forma irregular e apontou esquemas de repasses ilícitos dentro da estrutura partidária. O PT sempre negou as acusações e afirmou que as campanhas seguiram a legislação eleitoral vigente.
Esquema no INSS
O “Careca do INSS”, como é conhecido Antônio Carlos Antunes, é apontado como o principal operador de um esquema que fraudou aposentadorias e benefícios de idosos em todo o país, desviando recursos públicos por meio de intermediários, servidores corrompidos e empresas de fachada. O caso é tratado por investigadores como uma das maiores fraudes previdenciárias já registradas no Brasil, com prejuízo estimado em bilhões de reais.
Segundo fontes da Polícia Federal, o período entre 2023 e 2025 foi o de maior movimentação financeira do grupo, coincidindo exatamente com as transferências feitas à ex-publicitária.
Suspeitas crescem no governo Lula
Os repasses para uma figura historicamente ligada às campanhas petistas ocorrem em pleno governo Lula (2023–2025), reacendendo debates sobre influência política, favorecimento e lavagem de dinheiro em contratos e relações de bastidores.
Apesar de o documento do COAF não afirmar categoricamente que houve crime, as conexões descritas levantam questionamentos sérios sobre a origem dos recursos e o motivo real das transferências.
Enquanto isso, tanto o PT quanto o Planalto não se pronunciaram oficialmente sobre as novas revelações.
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