Londres – Menos de 24 horas após estrear no TikTok, na noite de sábado (1), o ex-presidente Donald Trump bateu a marca de 3,5 milhões de seguidores na rede social que tentou proibir durante seu mandato, em 2020.
A contradição não é exclusiva dele: a campanha eleitoral de Joe Biden, que concorre contra Trump nas eleições presidenciais de novembro, também está usando o TikTok para alcançar eleitores, apesar de o atual presidente ter sancionado uma lei votada no Senado obrigando a holding ByteDance a vender a plataforma ou encerrar as operações no país, onde tem 170 milhões de seguidores.
Embora tenha caído em desgraça nos meios políticos dos EUA sob acusação de risco de acesso aos dados dos usuários pelo governo chinês, o TikTok é uma poderosa plataforma para os candidatos se comunicarem com os jovens- e em uma campanha eleitoral nada pode ser desprezado. Mas se o número de fãs na rede social indicar alguma tendência do eleitorado, Biden deve se preocupar: sua conta aberta em fevereiro não chega a 350 mil seguidores.
O primeiro vídeo da conta @realdonaldtrump no TikTok, de 15 segundos, mostra Donald Trump em uma luta do Ultimate Fighting Championship em Nova Jersey, apresentado por Dana White, presidente do UFC.
A edição destaca o candidato aplaudido por fãs. Ele diz que é “uma honra” estar no TikTok. No fim, arremata: “foi uma boa caminhada, certo?”.
Trump no TikTok depois de desprezar redes tradicionais
Quando era presidente, Trump quis impedir o funcionamento do TikTok, mas a Justiça bloqueou a tentativa.
Sua entrada na rede social chinesa também representa uma contradição com o que ele pregou quando lançou sua própria rede, a Truth Social: desafiar o poder das grandes plataformas, que o baniram após a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021 – e o TikTok é uma grande plataforma.
No entanto, a ira de Trump parece ser mais voltada para as redes da Meta, já que quando a lei do TikTok foi aprovada, em abril, ele se manifestou contrário ao banimento pois isso as fortaleceria.
O ex-presidente já foi readmitido nas redes da Meta e no Twitter /X, mas não tem mantido atividade regular. Na rede comandada por Elon Musk, a única postagem desde que a conta foi reativada é a da “mug shot”, a foto do ex-presidente quando ele foi indiciado.
Com o TikTok pode ser diferente, devido ao seu poder de alcance de um eleitorado que em sua maioria não acompanha mais as notícias pelas mídias tradicionais.
O porta-voz da campanha, Steven Cheung, confirmou à mídia americana que “não deixarão nenhuma frente indefesa, e isso inclui alcançar um público mais jovem que consome conteúdo pró-Trump e anti-Biden”.
“Não há lugar melhor do que um evento do UFC para lançar o Tik Tok do presidente Trump, onde ele recebeu as boas-vindas de um herói e milhares de fãs o aplaudiram”, acrescentou.
Futuro do TikTok nos EUA
A decisão sobre o futuro do TikTok nos EUA pode ficar para o próximo presidente, seja ele Donald Trump ou Joe Biden. A lei aprovada em abril determina nove meses para que a rede social seja vendida ou tenha que deixar de funcionar nos EUA, prazo que pode ser estendido por mais seis meses.
Mas a ByteDance promete lutar. Em maio, a empresa chinesa entrou com um processo para tentar revogar a lei, sob o argumento de violação da liberdade de expressão.
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