Quando alguém ataca ferozmente outra pessoa, sem nenhum motivo aparente, desconfiamos de sua saúde mental. Um surto, estresse, ou ainda de uma natureza potencialmente agressiva, além de outras tantas possibilidades. Quando um bando de lesados, impulsionados apenas por uma rivalidade pseudodesportiva, coloridos com as cores de seus times, mas envergando acima de tudo, as vestes e os símbolos de suas organizações, atacam uma delegação de atletas profissionais, jogando toda a força de suas frustrações e arremessando os reflexos de sua baixa capacidade cognitiva, com a intenção de ferir, algo está muito errado. Quando a imprensa nacional, a Confederação, as Federações, os Clubes e os próprios atletas não fazem nada, ou praticamente nada e deixam episódios como o de São Lourenço da Mata –PE, um ataque brutal e insano, que atingiu o ônibus da delegação do Fortaleza com pedras e bombas, para trás. Tudo está muito errado. Vejam, as reuniões, os conchavos e os acertos na composição de blocos, para assinatura de contratos com a televisão continuaram. Os campeonatos continuaram. As transações entre Clubes continuaram. Só não tiveram tempo, ou interesse, para tratar de um tema tão relevante como o absurdo aumento, tanto de casos, como da gravidade desses casos, de violência. Continuaram até mesmo com a mesquinha, retrógrada e mal embasada ideia de proibir gramados sintéticos, mesmo que a maioria dos campos do País estejam em péssimas condições, esburacados, com touceiras e algumas vezes disfarçados com areia colorida. Essa é a lógica do País do Futebol, que mantem ainda, muitos dirigentes desqualificados e oportunistas no comando. Perder mais uma Copa, não alcançar a classificação para as próximas Olímpiadas ou assistir de cabeça baixa e olhos marejados nossos adversários do continente comemorando os títulos mundiais, Uruguai no Sub 20 e Argentina na Copa. Além de bater palmas e ver os craques hermanos sendo protagonistas em nossos campeonatos. Tudo isso não é nada, perto da tolerância e da falta de ações de combate à violência no futebol brasileiro.
Júlio Castro
O autor escreve neste espaço com total liberdade e sem nada que o conduza a determinada posição a não ser sua própria vontade. Colunista de jornais impressos e online, comentarista de rádio, atleta, coordenador e assessor político, empresário.
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