Na crise do Ministério da Previdência do governo PT. A troca de comando no Ministério da Previdência não deve estancar a crise deflagrada pela revelação de um esquema bilionário de fraudes no INSS. Na sexta-feira, após uma longa fritura, o ministro Carlos Lupi (PDT) entregou o cargo, e foi logo anunciado que Wolney Queiroz, secretário-executivo do ministério, assumiria a pasta.
Uma fila de parlamentares da oposição com requerimentos para que Queiroz vá ao Congresso explicar como a fraude aconteceu e o que está sendo feito para evitar que se repita. Um dos motivos para a queda de Lupi foi a revelação de que ele recebeu em meados de 2023 a denúncia sobre o esquema ilegal de descontos em benefícios, mas só tomou providências no ano seguinte. A oposição deve centrar fogo no fato de Queiroz também ter participado da reunião em que a fraude foi denunciada. (Estadão)
A escolha do novo ministro, homem de confiança de Lupi, é apontada como uma tentativa de serenar os ânimos no PDT, que chegou a ameaçar deixar a base de apoio do governo Lula. A troca, porém, não agradou a um dos principais caciques do partido e crítico contumaz do governo: o ex-ministro Ciro Gomes. “Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável”, escreveu ele em resposta à nota da legenda no X parabenizando o novo ministro. A posição de Ciro, porém, é minoritária no PDT. (Globo)
Eliane Cantanhêde: “Se PF e CGU apuraram e atuaram firmemente, Lula não teve agilidade, ou força política, para entrar no vácuo, demitir rapidamente Lupi, convencer o PDT e nomear para a vaga alguém de boa estatura, fora da política, o mais distante possível do escândalo e capaz de emprestar seu nome e credibilidade às investigações e medidas. Não. Lula optou por um “companheiro” e por manter o PDT sob suas asas. Pensou pequeno”. (Estadão)
A proposta do governo para ressarcir vítimas lesadas pelo esquema deve prever a criação de um sistema para contestações. O plano foi discutido por INSS e AGU na sexta e batizado de Plano de Ressarcimento Excepcional. A ideia é que, depois de o aposentado apresentar o registro, a gestão federal faça a análise para saber se houve ou não a autorização para a dedução. A proposta ainda deve passar por análise da Casa Civil. Ainda não está claro com quais recursos os aposentados serão ressarcidos — os bens recuperados dos investigados podem ser insuficientes. (Globo)
E a prometida reforma ministerial segue a passos lentos, sem abrir espaço para mais nomes da base aliada. Lula já avisou à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que ela será substituída por Márcia Lopes, ex-titular do Desenvolvimento Social e muito próxima do presidente. O anúncio oficial deve ser feito ainda hoje, já que Lula viaja na terça-feira para a Rússia, onde participa das comemorações pelos 80 anos da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra. (CNN Brasil)
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